Fe Motta
Fe Motta
por Werner Krapf – artista plástico, arte-educador e crítico de arte A obra da artista
Fe Motta me traz uma sensação imediata de profunda conexão com com a caoticidade da vida nas grandes metrópoles – da sensação de uma pressa – mesmo que sem saber o porquê - que se mostra sempre presente, dos ruídos dos carros que vão e que vêm; da fina capa de chuva que cobre o asfalto, trazendo neste a marca de sua arquitetura, mesmo que por um instante, o seu duplo. Neste sentido, seu trabalho apresenta-se ao expectador, com uma intensa presença cosmopolita. Esta presença se faz sentir e notar no gestual vigoroso, no uso das cores vibrantes em contraponto com a presença quase sempre onipresente do preto. O preto que se revela e desvela a noite... vida noturna... frenesi que se sente na ponta dos ágeis dedos que dedilham os trompetes e saxofones retratados pela artista. Sente-se quase de forma matérica o compassado respirar nas pausas musicais, a pressão do ar nos bocais, a vibração das cordas nos riffs das guitarras e dos baixos. São as linguagens artísticas se interpondo, extrapolando as barreiras e trazendo aos olhares ávidos, a possibilidade de sentir, mesmo que por um átimo de tempo, a gratuidade de compartilhar daquele raro momento onde o artista recolhe do tempo-espaço aquele momento que se mostra mágico e eternizante, aquele momento em que o objeto do desejo se torna parte integrante daquele que o deseja